Quando se fala em cirurgia, inevitavelmente a primeira pergunta que fazemos é: A anestesia tem risco?. Sagrada anestesia, considerada a quinta maior descoberta da medicina moderna, oficialmente descoberta em 1844, por um dentista, o famoso Horace Wells, continua sendo, e com razão, a parte mais temida de qualquer procedimento cirúrgico.
Na medicina humana, uma pessoa só pode receber anestesia geral, em qualquer modalidade, por um médico anestesista que dedicou muitos anos de estudos exclusivamente a anestesiologia e que, por consequência, é o único considerado capaz e com experiência suficiente para realizá-la. A Resolução 1363/93, do Conselho Federal de Medicina (CFM) Art. 1º parágrafo V cita: Todas as consequências decorrentes do ato anestésico são da responsabilidade direta e pessoal do médico anestesista.
Na medicina veterinária, porém, cometemos o erro de considerar que todo veterinário formado está apto a realizar anestesia em qualquer modalidade. Se pararmos para refletir, quando pensamos no risco anestésico de uma eventual cirurgia que algum familiar ou amigo querido ou até nós mesmos tenhamos que passar, ficamos aflitos, alguns desesperados, fazem questão de conhecer o anestesista dias antes do procedimento a ser realizado, e muitos vão além, pesquisando o currículo do médico em questão. Diante de tudo isso, minha pergunta é: Se para a grande parte das famílias nossos pets não são apenas animaizinhos e sim parte querida da mesma, por que não pensamos dessa forma quando eles precisam passar por procedimentos cirúrgicos? Por que não exigimos um médico veterinário anestesista ao invés de confiar a vida de nossos amiguinhos tão queridos ao veterinário faz tudo?
Assim como na medicina humana existem, na medicina veterinária, médicos veterinários anestesistas, que além de dedicar boa parte de suas vidas estudando anestesiologia, passaram por algum tipo de especialização, seja ela lato sensu ou strictu sensu, ou até mesmo por programas de residência, adquirindo, dessa forma, grande preparo e capacidade para realizar qualquer modalidade anestésica. Ressalto que o objetivo não é discutir a modalidade anestésica, pois, prefiro acreditar que no século XXI apenas uma pequena minoria de médicos veterinários ainda utilizem a retrógrada anestesia injetável dissociativa de forma isolada para todo e qualquer tipo de procedimento cirúrgico.
O objetivo é prevenir a dor e o sofrimento de nossos companheiros queridos, bem como diminuir o risco de óbito dos mesmos em casos de eventuais procedimentos cirúrgicos. E esse objetivo só é seguramente alcançado se procurarmos realizar esses procedimentos em locais que trabalhem com médicos veterinários anestesistas capacitados.
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